21/05/2010

Minha família Argentina


Que sorte tive com minha host family, amei muito minha família porteña. Não era a família mais rica dos host's, não moravam próximo a escola, o bairro era feinho, meu quarto era super simples e as refeições sempre básicas, mas não por serem pão-duros ou coisa do tipo, e sim porque eles não costumam jantar em seus dias normais, neste mês seria uma excessão por que estavam me hospedando. Mas indiferente dessas coisas que de início me incomodou um pouquinho, eu tive a família perfeita.






Eles eram, sra. Marta e seu filho Martín, ambos arquitetos e também o gato peludo que me atacava sempre, Ortega.


Passamos dias ótimos, mesmo com aquele calor insuportável que fez em todos os dias de janeiro, o jantar era o momento em que nós três nos reuniamos para comer e beber uma cerveja ou um vinho nos dias menos quentes e conversávamos por horas sobre nossas diferenças e semelhanças culturais, sobre as viagens de Martín, que viajou por toda América do Sul, sobre comidas e frutas, os ensinei algumas coisas em português, falei mal sobre o presidente Lula afim de converte-los contra o presidente brasileiro já que eles amam o Lula rsrs, enfim conversávamos muito mesmo e era sempre muito gostoso.

Tive um apego em especial pela sra. Marta, ou Marta como ela prefere que eu a chame. Estava sempre perguntando se eu estava bem, se precisava de alguma coisa, se queria comer algo, houve um dia que comentei que gostava das maçãs argentinas e no dia seguinte ela apareceu em casa com duas maçãs prá mim, disse que foram as mais bonitas que encontrou no supermercado, pois não estávamos na época das maçãs, achei aquilo tão fofo. E todas as noites perguntava qual era a minhas programação para o dia seguinte, para me indicar lugares bons para não deixar de visitar, ou como chegar até lá, os cuidados a ter e etc, passamos bastante tempo juntas sozinhas, já que Martín saia bastante com seus amigos.

Algo que gostei também, que me fez sentir em casa realmente, foi quando após o jantar, Martín me convidou prá sair com ele e seus amigos. Não era nada em especial, eles iam só a uma praça de um bairro próximo tomar uma cerveja, tocar violão e bater papo, mas aquilo foi importante prá mim e ele não tem nem idéia disso.

A despedida foi super triste, chorei e chorei muito. Não consegui dizer adeus a Marta, apenas agradeci pelos dias que passamos juntas e por ter sido tão amável comigo, porque só em pensar em dizer adeus meus olhos se enchiam de lágrimas. Martín me acompanhou até o taxi e ao me despedir dele e olhar pela última vez o prédio e a rua, comecei a chorar de novo. Afirmei o que já sabia, sou uma manteiga derretida que apesar de durona, me apego muito fácil as pessoas.
 

O vôo prá São Paulo atrasou por três horas, por motivos de forte tempestade no céu do Uruguay, foram três horas super depressivas, teve um momento que comecei a chorar meio discretamente, eu definitivamente não queria voltar.
Três horas depois deixei Buenos Aires. Ao chegar em São Paulo, tudo, absolutamente TUDO me irritava, tudo eu criticava, tudo eu comparava com Baires, e claro que sempre Baires estava melhor nas comparações. E fiquei assim, com essa vontade insaciável de voltar e prá sempre a Buenos Aires até meados de março, quando desisti da Argentina, porque percebi que esse fascínio de trocar o Brasil pela Argentina era na verdade o fascínio que sempre tive de trocar o Brasil por qualquer outro país. Mas ai comecei a raciocinar um pouco mais e, se meu desespero de sair do Brasil é por questões culturais, porque trocar pela Argentina, sendo que é também um país latino?, logo, a cultura latina ainda imperará. Bom, foi ai que comecei a traçar planos para os Estados Unidos hauhauaa
Daí já é outra história, e ficará para os próximos trilhões de posts, com certeza.



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